A educação formal está dando oportunidade para a mulher negra melhorar sua condição social?
Sabe-se que a trajetória educacional e realização ocupacional ocorre de forma divergente para diferentes grupos, considerando variáveis como gênero e raça, há limitações na ascensão de determinados segmentos sociais, neste caso o das mulheres negras.
Pesquisas na área educacional mostram que as mulheres negras estão mais propensas a situação de evasão e escolar. E além de fatores externos relacionados a condição socioeconômicas que dificultam esse processo de escolarização, há também outros aspectos encontrados dentro das instituições escolares, como práticas educativas que partem de uma perspectiva colonizadora trazendo uma representatividade negra escravocrata e subalterna.
Desde criança, no início de sua escolarização, a mulher negra se depara com os obstáculos provenientes do racismo que a acompanhará em toda sua trajetória escolar, que já é acidentada por diversas violências silenciosas como : a quase inexistência de representação positivas sobre a história do seu povo, imersão em uma cultura baseada em padrões brancos.
Essas práticas educativas condizem com uma sociedade capitalista que não tem interesse em transformar o status dessas mulheres, mas sua manutenção na condição que foi tradicionalmente construída ao longo dos anos, que remete a imagem da mulher negra escrava. Tudo isso impossibilita a concretização de sucesso escolar e reforça a ideia de que a mulher negra está condicionada a usar sua força de trabalho em ocupações de baixos níveis de rendimentos e de escolaridade.
A educação formal pode se tornar um instrumento emancipatório, mas ela sozinha não é o suficiente para que isso se concretize. Em uma sociedade capitalista aonde a individualidade se destaca, a supervalorização do mérito individual ganha força dentro das escolas criando um falso ideário de que ascender socialmente deve-se somente ao esforço individual e a dedicação nos estudos.
Se parte da população sofre por distinções por causa da raça, e gênero e isso influencia para o fracasso escolar dessas minorias , entende-se que a meritocracia da brecha para naturalização das desigualdades reforçando ainda mais a ideia de que pessoas negras são intelectualmente inferiores. A escola precisa urgentemente rever seu papel na formação de uma identidade racial que possibilite caminhos viáveis para a construção de estratégias capazes de romper as amarras sociais construídas historicamente e fomentadas pelo Estado brasileiro. Sendo assim, torna-se fundamental pensar em um caminho possível de equidade mediante políticas públicas, através de ações direcionadas que possibilitem êxito no processo de escolarização e formação profissional que garanta uma mudança de status no meio social em que vive a maioria dessas mulheres.
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